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Como proteger crianças e adolescentes nas redes sociais: especialistas dão dicas importantes

As recentes denúncias feitas pelo influenciador Felca chamaram a atenção para os riscos que as redes sociais representam para crianças e adolescentes. O caso expôs a falta de regulação sobre o uso de imagens de menores de idade e gerou reação do Congresso Nacional, da Presidência da República e de diferentes setores da sociedade.

Para ajudar pais, mães e responsáveis, especialistas ouvidos pela Agência Brasil compartilharam orientações sobre como proteger crianças e adolescentes no ambiente digital.


Classificação indicativa e regras de idade

Segundo a ativista Sheylli Caleffi, é essencial respeitar a classificação indicativa das plataformas:

  • Instagram: não recomendado para menores de 16 anos;
  • TikTok e WhatsApp: proibidos para menores de 13 anos.

Como muitas redes não exigem verificação de idade, cabe aos responsáveis garantir que os perfis dos filhos estejam configurados corretamente, com contas privadas e restrição de mensagens de desconhecidos.

“O ideal é que qualquer conta de criança ou adolescente seja privada, para que apenas pessoas autorizadas tenham acesso ao conteúdo”, explica Caleffi.


Cuidados ao postar fotos de crianças

Mesmo sem perfis próprios, as crianças podem ser expostas por meio das publicações de familiares.

Caleffi alerta:

“As redes sociais não são álbuns de família, são plataformas comerciais. Qualquer imagem pode ser tirada do contexto e até explorada por criminosos.”

Ela reforça que apenas os responsáveis legais podem decidir sobre a exposição de imagens de menores. Avós, tios, professores ou amigos não têm essa autorização legal.


Adultização precoce e impactos psicológicos

O fenômeno da adultização — quando crianças são expostas a contextos típicos da vida adulta — é outro risco apontado.

Caleffi cita exemplos preocupantes:

  • Crianças usando roupas ou maquiagens inadequadas para a idade;
  • Menores de 9 ou 10 anos fazendo dietas;
  • Crianças muito pequenas insatisfeitas com o próprio corpo.

Segundo a especialista, além da exposição online, os responsáveis precisam moderar o conteúdo consumido pelas crianças e manter diálogo aberto sobre riscos e limites.

Ela recomenda também o uso de aplicativos de mediação parental, que permitem controlar o tempo de tela, rastrear localização e monitorar o que está sendo acessado.


Papel da família e do poder público

Para a professora Vládia Jucá, da Universidade Federal do Ceará (UFC), a proteção de crianças e adolescentes não é responsabilidade apenas das famílias. Ela destaca o papel da Rede de Assistência e Proteção, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Essa rede envolve escolas, unidades de saúde, assistência social, Justiça e Ministério Público, que devem atuar de forma integrada para prevenir e enfrentar situações de risco.

Além disso, Jucá defende a regulação das plataformas digitais e a ampliação de espaços públicos de apoio e escuta para crianças e adolescentes.


Escuta ativa e prevenção

Segundo a professora, ouvir atentamente crianças e adolescentes é fundamental para identificar situações de violência ou abuso.

“Os adolescentes relatam com frequência que são pouco escutados. Espaços de diálogo são fundamentais para a proteção integral”, afirma.


Como denunciar abusos contra crianças e adolescentes

Situações de violência, exploração ou qualquer violação de direitos podem ser denunciadas pelo Disque 100, serviço gratuito e disponível 24 horas por dia, em todo o Brasil.


Resumo prático para pais e responsáveis:

  • Respeite a idade mínima das plataformas;
  • Configure perfis como privados;
  • Evite postar fotos de crianças em redes abertas;
  • Use aplicativos de controle parental;
  • Converse abertamente sobre riscos;
  • Procure ajuda da rede de proteção em casos de suspeita.

Denúncias

Se você presenciar ou suspeitar de situações de abuso ou exploração de crianças e adolescentes, além de outras violações de direitos humanos, denuncie.

📞 Disque 100 – o serviço é gratuito, funciona 24 horas por dia e pode ser acessado de qualquer telefone fixo ou celular.

Lucas Valentim

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